Sentou-se a beira do abismo, cruzou as pernas e olhou lá para baixo.Tentou definir se o que sentia era vertingem ou apenas um flerte com o perigo. Sentiu saudade de muitas coisas, de tantas pessoas. Lembrou-se de quando era pequenas e o mundo lhe parecia tão gigante. Agora, presa a rotina diária já não via graça em nada. Aqueles dias eram sempre muito iguais e levantar da cama se tornou cada vez mais irreal. Sua realidade era dura e estática., o que lhe fazia perder completamente a razão. Chorava por horas como se chorar lhe garantisse lavar as paredes internas de toda aquela merda fétida em que se resumiam seus afetos. Não entendia os rumos que lhe fizeram chegar até ali; a perda, a falta, os tapas? Sabia que era uma questão de tempo deixar o esconde-esconde de lado e partir para algo mais animado, quem sabe roleta russa seria o caso. Se bem que já fazia isso, quando desistia dos seus planos usando aquelas velhas desculpas de sempre...sempre deixou que alguém conquistasse o impossível por ela. Definitivamente não era aquele o dia em que mudaria os rumos do seu sofrer. Levantou-se do chão, ergueu os braços e se jogou... a escuridão daquele abismo lhe parecia familiar e nada mais apropriado que deixar tudo em seu lugar...mudar dá trabalho e no começo é ainda mais penoso que todas as feridas em carne viva que alguém possa carregar..
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"mudar dá trabalho... e é ainda mais penoso que todas as feridas" ui, essa não passou rente, dessa vez a lâmina foi lá.
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