domingo, 28 de fevereiro de 2010

"Falo a língua dos loucos, porque não conheço a mórbida coerência dos lúcidos"

Os homens com sua vã filosofia de amar somente a quem os ama, respeitar a quem os respeita, vivem fadigados com o pouco que recebem. Evitam amar d+. desejar além… È bem verdade que quem economiza sempre têm.  A pergunta que não quer calar: Qual a função de ter se não se pode aproveitar? Ter amor, ter carinho, ter respeito e um afago…Para aqueles que bebem do cálice da loucura ter não é importante, se não  é possível ser. Já dizia o 22 do Gentileza : Gentileza gera gente... ilesa.

Justamente, as pessoas que não economizam sentimentos ou tempo pensando no que pode ou não se concretizar são taxadas como loucas. Contudo, quem é louco e quem é são nessa sociedade cheia de gostos e atitudes tão plurais? O que  ou quem define o que é realidade?

Segundo, Duarte Junior,o mundo se apresenta de acordo com a perspectiva que fazemos sobre ele, ou seja, conforme a intenção de quem está observando. Então, meu caro, por que todo mundo tem que seguir um padrão se o mundo é feito de várias realidades conjugadas?!?!

Loucura não dá para quantificar. Confesso que os loucos me atraem porque são livres para serem o que quiser; sem medo, sem pressa, sem precisar se justificar... Não que eu não possa fazer tudo isso e um pouco mais. A questão é que ao fazer , no segundo seguinte já não seria mais rotulada como normal.  Até que não é nada mal… 

Pois, a loucura exige do louco um estado constante de liberdade e nenhum dogma que o prenda aos alicerces morais da coletividade. Louco é um ser em solidão que não depende do outro para ser. Gosto desses seres de luz por caminharem rente ao precipício sem se preocuparem em amarrar o seu rapel. Sabem que andar na corda bamba é perigoso, mas que sentir o vento em seus calcanhares não tem preço.
 
Os caretas e os cavardes só ousam falar da loucura dos que ardem por percorrerem o caminho da fuga. Aquele onde se esquece dos próprios problemas  para dar conta dos problemas dos outros. Elaborando saídas ou teses a respeito. Assim, esquecendo da azada mazela,  vive - se em paz, fortalecendo os laços egocêntricos que o cercam. A vida aqui jaz. 
 
Na loucura não dá para ser alheio ao Eu...De certo, louco é aquele que segue o caminho do espelho, se enxergando de frente , olhando no fundo dos próprios olhos, matando o desejo direto na fonte, abrindo os poros e absorvendo tudo que lhe é necessário  e oportuno à felicidade, pois o caminho do espelho questiona o eu de frente. Esse caminho é feito de gente que sente, é feito de entrega e reconhecimento. 
 
A loucura é sapiente sabe que o caminho da fuga calcifica e do espelho amadurece. Por isso, vive de sentir e não somente de racionalizar cada passo, cada palavra…Ser louco é transgredir a caverna, mesmo sentindo medo  das sombras. Porque sentir  medo é normal, paralizar não. Pena, a não paralisia ser notado só no pós-morte como é o caso de tantos monstros sagrados: Einstein, Sócrates, Jesus…
 
Não quero com isso dizer que todo louco é igual. Impossível!!! Pessoas, ditas normais, não são uniformes que dirá os loucos. Existem sim muitas diferenças…Porém, só destacarei aqui  a loucura da doença. A grande diferença entre o louco trangressor e o louco patológico é o modo como encara a realidade. O doente de loucura mascara sua realidade e a transforma em ficção, já o louco transgresso enxerga além do mundo imposto pelo senso-comum. Mas, independente de sua configuração, um louco só é louco porque assim alguém o denomina. 
 
Invejo os loucos por terem o infinito e enxergarem sempre o além do álém, por serem intensos e mostrarem com tanta propriedade as míseras mentiras dos seres humanos, que se dizem felizes ignorando os opostos que o compõem. Afinal, o ser humano é o único animal capaz de ignorar as próprias vontades em prol da coletividade. 

Nada mais justo, que fechar os olhos ao andar de montanha russa. Nada mais justo que ignorar o amor por não ter a mesma proporcão, sentir pela metade pra não se machucar... isso sim, é normalidade. Destes príncipios quero distância, porque se não dá para ser por completo, melhor nem ser.

A loucura é inerente ao homem, entretanto, por expor sua fragilidade , moldar as palavras e nos fazer invencíveis...tornou-se doença, preconceito, constipação ...e por não ter cura transformou-se em um mal. Pobre de espírito,  os que pensam  assim...

Talvez, a completudide da vida seja se reconhecer louco  e viver sem passado , nem presente.  Arcar com a sorte das próprias escolhas, se economizar menos, olhar mais para dentro, permitir-se mais, amar e antes de tudo a si mesmo, escrever a própria história, fazer arte, fazer amor...Quero o surto de ir onde quiser sem me questionar, sem pensar no que irão comentar.

Afinal, ser louco é saber utilizar as próprias asas e ir além... Vem comigo!!!

 
 
 



Um comentário:

  1. É uma ode à loucura. A diferença entre o louco que transforma a realidade numa ficção e o louco que o é por ver além do que lhe é imposto pelo senso insosso do comum. Uma distinção, mensuração da loucura diária em cada um de nós. Ótimo texto, me senti até lisonjeado em alguns trechos, além de parecer extremamente familiar e esclarecedor. Acho que é assim quando um bom texto nos fala diretamente.

    ResponderExcluir

Term of Use

Observar é interessante, comentar é obrigatório

Breves linhas

“Seja você quem for, agora, segurando a minha mão, sem uma coisa há de ser tudo inútil_ é um leal aviso que lhe dou, antes que continue a me tentar_ não sou aquele que você imagina, mas muito diferente. “ ---Walt Whitman----