Sim....ele estava indo embora. Mesmo que não fosse por completo ou por puro desejo punitivo. Arrumou as malas, deixou o troco sobre a cama e despediu-se como quem retorna ao anoitecer. Mas, ela sabia que seria a primeira e única vez que sentiria vindo daquele homem aquele gosto de adeus. Era agosto de um ano qualquer...sem grandes explicações ou justificativas que dessem conta daquele desparate ele se foi como as estações do ano, como o dia, como as horas, como aquele instante tão dolorido...
Como de práxi sentiu-se como um monte de merda espalhada pela sala. Comendo chocolate e enchendo a cara com o que sobrou do licor. Sempre fora pé no chão, ao contrário das meninas que sonhavam com cavalos, principes e final feliz...sabia desde sempre que aquelas ilusões não lhe cabiam. Então, não imaginará aquele amor. Era real!!! Não se lembrou do passado e de tantos outros que lhe passaram... prefiriu concentra-se, ali sentada ao chão, naquela negativa. Doia, doia tanto como arrancar um dente, muito mais que uma batida com o mindinho no pé da mesa. Por fim, a maior dor era a certeza de sobreviver a todo esse drama mexicano na manhã seguinte. Depois de muito chorar e feder como um leproso que vai apodrecendo em vida ainda teria forças para juntar todos os cacos, todas as suas dores e continuar...passando, deixando passar...porque tem "samba no meu quarto a noite inteira quando tu te vais".
E sussurou baixinho : se tu queres ir, vá. Só não espere que meus olhos continuem a te acompanhar...
Nanda Acioly
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